sábado, 24 de outubro de 2009

RAS Mc LÉO CARLOS


Papo reto, direto da periferia.
Um sinal de vida que resiste.
Uma expressão de coragem
Revelando a dor e a injustiça.

Boca ativadora e necessária
À mudança muito esperada.
Pena não ser mais valorizada
Que as novelas de cada dia.

Sinto falta de pessoas assim
Na universidade e na cidade.
Pois a perversidade prossegue
E as pessoas caladas permanecem.

O comodismo está em todo lugar,
Mistura-se a covardia e a indiferença.
O humano segue agindo sem pensar
Rumo aos abismos que não para de criar.

A vida já não tem valor, a covardia ganhou.
A ética foi trocada pelo egoísmo, infelicidade.
O amor, hoje, já não pode ser conhecido,
Pois só se busca o que é fútil, o que é sombra.

Sebastião da S. M. Neto

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

INATUBA




Luxo sobre lixo a se multiplicar,
Ruas manchadas e a manchar,
Vidas obscuras com e sem lar.
Sem luz, sem cor, sem ar.

A cidade, abandonada, vegeta.
Os vermes nela se proliferam.
Doenças e mortes a brotar
Nesse campo de águas poluídas.

A vida resiste cansada e sombria.
A dor segue abafada, boca fechada.
O inferno se pronuncia no dia-a-dia
Refletindo, simplesmente, escolhas erradas.

Novas escolhas devem ser tomadas,
Totalmente diferentes das já praticadas,
Para que a vida possa se manifestar
E o que há de bom venha a se pronunciar.

Basta de política eleitoral!
Basta de alienação!
Basta de tanto ladrão!
Basta de falta de educação!

Não fique calado irmão,
Pratique a liberdade de expressão.
Abra seus olhos e erga a cabeça.
É seu dever lutar, exerça!

Sebastião da S. M. Neto

A HISTÓRIA DAS COISAS

Não só podemos como também devemos lutar para criar algo novo.

POEIRA DAS ESTRELAS

Quanto mais conhecemos as ciências mais nos apaixonamos por elas. Por isso devemos buscar conhecê-las cada vez mais. Essa série é muito interessante, vale apena conferir.












sábado, 10 de outubro de 2009

A UNIVERSIDADE DOS MEUS SONHOS

Um dia eu prestei vestibular
Sistema de cotas, mas ralei pra passar
Nunca estudei em colégio particular
Pensava que minha vida ia melhorar

A ilusão da universidade logo acabaria
Eu negro pobre de distante periferia
Tendo que pegar dois buzus todo dia
Para mim carona não existia

Meu curso tinha aula o dia inteiro
Todo mundo ia almoçar e eu sem dinheiro
Sentado no bosque me tachavam de maconheiro
Minha solução era atacar o jambeiro!

Uma gata que tinha filho eu conheci
Ela me disse que pensava em desistir
Pois a muitas aulas não conseguia ir
Não tinha quem tomasse conta do bacuri

Me sentia cansado e não conseguia estudar
Imagina quem tem que vim de Gandú e voltar
Itajuípe, Camacã, Coaraci, Almadina e Una
Só porque não existe residência alguma

Um dia vi acontecer um grave incidente
Um servidor se machucou na minha frente
E não tínhamos um atendimento eficiente
É melhor ser um cachorro na UESC que ser gente!

Depois dessa rotina de desgaste eu resolvi trancar
Não tinha tempo, não tinha como trabalhar
Hoje me encontro no mesmo lugar
Esperando a mudança pra eu poder voltar.

Será que vai dar????

Autora - Samille Borges

AS BANANAS DE JOAQUIM

Durante a ocupação aconteceu de um dos resistentes chegar com um cacho de bananas que nos alimentou durante dias... quem comeu daquelas bananas lembra o quanto nos foi útil!
Depois este resistente recebeu uma carta da "reitoria" pedindo para ele esclarecer o "roubo" das bananas. Indignada com tamanha mesquinharia da "reitoria", criei esta poesia que poderia virar um grito contra a falta de Assistência Estudantil e a ganância de quem administra a UESC.

Moro no RU, pois não tenho assistência
Sou estudante e vivo na carência
Falta habitação, saúde e o pão
Vi um cacho de bananas no meio da plantação
Pra matar a minha fome e a dos meus irmãos
Foram 127 bananas alimentando a multidão
Mas os donos da UESC não gostaram não
Nas bananas daqui só eles metem a mão
E depois ainda me chamam de ladrão
E por isso eu criei esse refrão
Quem dá uma banana pra Joaquim???
Eu!!!!
Quem dá uma banana pra Joaquim???
Eu dou!!!

Autora: Samille Borges
Graduanda em Biologia

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

RU FORA DA LINHA


Recordação do período de ocupação do Restaurante Universitário, que durou pouco mais de quatro meses, entre setembro de 2008 e janeiro de 2009. Episódio histórico do Movimento Estudantil da UESC em que cerca de 30 estudantes permaneceram acampados no Restaurante Universitário que estava desativado há 3 meses.
Os ocupantes tinham como objetivo sensibilizar os dirigentes da instituição para os problemas enfrentados pelos estudantes oriundos das camadas mais pobres. A pauta de reivindicações cobrava dos gestores da instituição uma política de Assistência Estudantil que contemplasse Restaurante Universitário a custo condizente com o perfil econômico dos estudantes, Residência Universitária, Posto Médico e Creche.
A ocupação foi encerra abruptamente mediante expedição de um mandato de reintegração de posse.
Ainda hoje muitos dos estudantes que fizeram parte da ocupação se esforçam para ajudar a promover mudanças que venham a possibilitar melhores condições de permanência aos estudantes. Acreditamos que nós, estudantes, devemos nos unir e discutir todas as questões referentes ao funcionamento e ao papel da universidade pública na sociedade.
O Movimento Estudantil funciona como uma escola onde, por meio de estudos, discussões e mobilizações, se torna possível a formação de cidadãos mais críticos e participativos. Pessoas que sabem a importância da participação de todos na construção de uma sociedade menos violenta e desumana, e onde não se aceite a maldita exploração que dissemina a miséria e a destruição do planeta.
Por estes motivos ressaltamos a importância do Movimento Estudantil e pedimos para que cada estudante participe da melhor maneira que poder, pois só através da união poderemos ter forças para superar os obstáculos impostos pelos que se beneficiam da violência, da exploração, da miséria. A sociedade é nossa casa e devemos cuidar dela, pois do contrário nunca teremos qualidade de vida.

“Um galo sozinho não tece uma manhã: ele precisará sempre de outros galos. (…) de outros galos que com muitos outros galos se cruzem os fios de sol de seus gritos de galo, para que a manhã, desde uma teia tênue, se vá tecendo, entre todos os galos”.
(João Cabral de Melo Neto)



Saudações!